Vitrines virtuais disponibilizam tecnologias sustentáveis para a Amazônia na palma da mão
Por Redação Gazeta Gaúcha/ Brasília/
Kélem Cabral (MTb 1.981/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
Foto: Ronaldo Rosa
A funcionalidade democratiza o conhecimento técnico-científico gerado pela pesquisa, permitindo que produtores, técnicos e estudantes tenham acesso a informações de maneira prática e intuitiva.
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Duas das principais tecnologias sustentáveis da Embrapa para a Amazônia já podem ser acessadas na palma da mão. Uma nova forma de apresentação, as vitrines virtuais mostram Sistemas Agroflorestais (SAFs) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) gratuitamente em computadores, tablets e celulares. A ferramenta só está disponível para aparelhos com sistema operacional Android.
Uma das maiores vantagens da tecnologia é a possibilidade de baixá-la em celulares simples e acessá-la offline, ou seja, sem conexão com a internet. A funcionalidade democratiza o conhecimento técnico-científico gerado pela pesquisa, permitindo que produtores, técnicos e estudantes tenham acesso a informações de maneira prática e intuitiva, independentemente da localização. Trata-se de uma solução da Embrapa que promove maior eficiência produtiva e resiliência das propriedades rurais frente às mudanças climáticas.
LançamentoAs vitrines virtuais desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Oriental (PA) serão lançadas no dia 4 de dezembro, às 9 horas, em uma transmissão ao vivo no canal da Embrapa no YouTube. O evento é aberto a todos.
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Preparação para a COP 30 e além
A cerca de um ano da realização da COP 30 — primeira Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas a ser realizada no Brasil, em Belém do Pará, em novembro de 2025 —, a Embrapa oferece uma imersão virtual completa, do planejamento à execução, em tecnologias validadas para a produção de alimentos. Essas soluções garantem segurança alimentar, ganhos ambientais e vantagens econômicas, reafirmando que é possível produzir na Amazônia sem derrubar árvores, além de restaurar áreas degradadas.
Segundo Bruno Giovany de Maria, chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Amazônia Oriental, a ferramenta é fruto de uma parceria consolidada com o Governo do Estado do Pará, por meio do Programa Territórios Sustentáveis (PTS), executado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Ele destaca que o grande diferencial das vitrines está na inclusão de públicos de regiões remotas, onde o acesso a capacitações presenciais ou à infraestrutura tecnológica é limitado. “Hoje, em praticamente qualquer lugar, as pessoas têm um celular. Isso permite que o produtor ou técnico visualize, a qualquer momento, como implantar e aplicar essas tecnologias em campo”, explica.
De Maria também ressalta que as vitrines oferecem uma experiência imersiva, simulando a aplicação das técnicas no campo, com atualizações constantes de conteúdo e acesso à base de dados da Embrapa. “Essa iniciativa não apenas fortalece a transferência de tecnologia, como também democratiza o acesso ao conhecimento técnico essencial para práticas agrícolas mais sustentáveis em diferentes regiões do Brasil”, enfatiza.
Foto: Ronaldo Rosa (ILPF em Paragominas)
Diana Castro, coordenadora de Desenvolvimento Rural Sustentável e Incentivos Econômicos da Semas, reforça a importância das vitrines como ferramentas de disseminação do que a Embrapa e a Semas propõem no âmbito do PTS. “As técnicas de produção de baixas emissões e a restauração produtiva, por meio de sistemas agroflorestais e ILPF, podem agora alcançar a ponta. Temos grande expectativa de que as vitrines sejam utilizadas por extensionistas e produtores rurais na melhoria dos sistemas produtivos e no desenvolvimento local”, afirma Castro. “A parceria com a Embrapa destaca a importância da pesquisa agropecuária para a formulação e implementação de políticas públicas de enfrentamento às mudanças climáticas, fortalecendo as economias locais com a preservação da biodiversidade”, complementa.
Ferramenta democratiza tecnologias de produção agrícola para desenvolvimento local
Depois do sucesso da primeira vitrine virtual da Embrapa no Pará, integrada ao curso online “Manejo da cultura do açaí em terra firme: da semente à pós-colheita e processamento”, lançado na plataforma e-Campo em 2020, a instituição percebeu nas ferramentas digitais a melhor forma de levar sua expertise além das barreiras geográficas. O curso, que já atingiu mais de 1,7 mil usuários no Brasil e em outros países da Amazônia, inspirou o desenvolvimento de novas funcionalidades para maior acessibilidade e oferta de conteúdo.
A analista da Embrapa Mazillene Borges, gestora do curso e uma das articuladoras do PTS, explica que a experiência bem-sucedida foi a semente para o despertar da criação de um ambiente virtual aberto a todos os públicos. Além das duas vitrines inéditas, é possível acessar também o Meliponário Virtual e a área de plantio de Açaí de Terra Firme. As novas vitrines da plataforma oferecem versão mobile, com uso offline após o download dos conteúdos.
Segundo Michell Costa, analista da Embrapa e co-desenvolvedor das plataformas, o foco principal foi garantir linguagem acessível, material técnico adaptado e democratização da informação. “Pensar na Amazônia é reconhecer sua dimensão continental e os desafios de acesso à tecnologia da informação. Essa ferramenta tem potencial para promover inclusão digital e práticas sustentáveis em uma região de difícil acesso”, afirma Costa.
Impactos na juventude rural
O produtor e técnico agrícola Adailton Amaral foi um dos alunos do curso online de Açaí de Terra Firme, e vivenciou, pela primeira vez, a experiência de uma vitrine virtual em um processo de formação. Jovem produtor e defensor do fortalecimento da sucessão familiar no campo, avaliou que as ferramentas digitais dialogam diretamente com a juventude, sendo, assim, um estímulo à reaproximação desse público com a propriedade e produção familiar.
Para Amaral, além de possibilitar acesso às tecnologias que podem melhorar a vida no campo, os conteúdos digitais de fácil acesso e compreensão, a exemplo das vitrines, podem unir as várias gerações e profissionalizar a produção. “É mais produção, renda e qualidade de vida para as famílias e toda a Amazônia, pois garantem também benefícios ambientais que já vivenciamos em nossa propriedade”, comenta.