Bolsa Atleta tem quatro representantes no Time Brasil em Gangwon 2024
Em contagem regressiva para o início dos IV Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude – Gangwon 2024, nesta sexta-feira (19/1), na Coreia do Sul, os atletas brasileiros de bobsled, skeleton, curling, esqui alpino e snowboard já começam a ocupar a residência oficial verde e amarela, organizada desde o último dia 7 pela equipe de logística do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
A delegação nacional já dá início à sua história nesta edição dos Jogos com o novo recorde de participantes: são 17 atletas disputando 8 modalidades, superando o recorde anterior nos Jogos de Lausanne 2020, na Suíça, com 12 atletas em seis modalidades. Entre elas e eles, quatro são beneficiários do Bolsa Atleta do Ministério do Esporte.
Nascida e crescida em Jundiaí, São Paulo, Mariana Silva, que já tinha definido euforicamente como “inexplicável” a sensação da convocação no último mês de dezembro para disputar as provas de Sprint e de Distance (7,5km), do cross country – a corrida de esqui no gelo –, há duas semanas foi surpreendida pela confirmação do seu nome também para a disputa de 10km e Sprint 6km do biatlo, modalidade que combina o cross country com tiro.
“O biatlon é uma modalidade bem-humorada, porque você erra um tiro e tem que dar a volta de penalidade. É a hora em que você não sabe se fica brava ou se senta e chora [risos]”, definiu Mariana, que recebe o Bolsa Atleta na categoria Base. A atleta de 16 anos também resumiu o que é participar de uma prova de esqui cross country.
“Exige muita resistência. Chego exauta às competições, quando termino a prova e com o corpo todo doendo [risos]. No meio da competição vou adaptando técnicas que me favoreçam em diferentes momentos e, quando vejo a chegada, sinto alívio e exaustão. É extraordinário sentir alegria e cansaço”, explicou Mariana.
A atleta revelou que está ‘muito confiante’ sobre seu desempenho nas duas modalidades, pelo volume de treinos e de esforço que toda a sua preparação exigiu.
Mistura de sentimentos
Também do Time Brasil do cross country, a paulistana da Zona Oeste Júlia Reis tentou definir a mistura de sensações que uma competição importante como a de Gangwon traz.
“Toda prova tem um sentimento novo, mas depende de como estou no pré-prova. Tem adrenalina, medo, ansiedade. Acho que enquanto atletas nem sempre estamos bem, mas dou o meu melhor sempre”, definiu Julia.
A atleta, que também está com 16 anos, mostra-se muito animada para os Jogos. “A expectativa é enorme! Mesmo com pouco tempo de preparação, consegui performar muito bem nos treinamentos e estou muito feliz”, disse.
Júlia destacou o papel motivacional que o programa Bolsa Atleta cumpre em sua carreira. “Recebo há três anos. É um incentivo para continuar no esporte e representa a persistência, o que ajuda a manter o meu foco nos treinamentos e para vários atletas que não têm muitas condições”, avaliou.
A equipe brasileira de esqui cross country também contará com Ian Francisco da Silva e Gabriel Santos. Com quatro atletas, o Brasil possui a maior delegação da América Latina e a oitava do mundo na modalidade, atrás apenas da Coreia do Sul – país-sede – Alemanha , França, Finlândia, Itália, Polônia e Estados Unidos.
O sobe e desce da vida no gelo
Com o objetivo de manter-se entre os 15 melhores atletas juniores do mundo, o snowborder João Teixeira, que representará o Brasil no halfpipe, está desde o fim de outubro nos regimes de training camps na Áustria, sob as orientações dos treinadores Benjamin Boyd e Brett Esser, onde conviveu com vários atletas olímpicos, além de Suíça e Canadá. Os training camps são períodos de imersão em que os atletas buscam aprimorar seu desempenho físico e psicológico para competições importantes.
Atualmente na Suíça, João volta para o Canadá no próximo dia 21, onde treina por mais quatro dias até a partida para a Coreia, no dia 26.
“O snowboard halfpipe é bem oscilante, e é igual a vida: algumas vezes você está lá em cima, fazendo altas rotações e se divertindo, em outras está embaixo no halfpipe ou emocionalmente. Você cai, se machuca, fica com medo, mas o que prevalece é o seu amor pelo esporte”, explicou João, na esperança de poder dar o seu melhor entre voos, manobras e aterrizagens, para representar bem o Brasil.
Filho de mãe brasileira e pai argentino, João nasceu cercado por paisagens exuberantes da Terra do Fogo, na cidade portenha de Ushuaia, mas escolheu representar o Brasil. O snowboarder fala do orgulho de representar o país e de ter o apoio do programa Bolsa Atleta.
“Quando fala se em Bolsa Atleta, eu me lembro do Brasil, lembro que foi meu primeiro incentivo para continuar me dedicando a ser atleta. Consegui a bolsa em 2023. Representa uma ajuda econômica que ajuda na minha preparação”, apontou João.
“Voltar com o ouro para o Brasil”
O snowboard do Brasil também conta com Zion Bethônico, na categoria cross, uma modalidade frenética em que seis competidores largam em descida para disputar quem é o mais rápido, em um percurso estreito com curvas fortes, rampas, quedas e obstáculos que desafiam habilidade e controle dos atletas em alta velocidade.
“É uma forma verdadeira de competição pra mim. É adrenalina, é o frio na barriga de quando estou no ‘gate’ até o foco máximo durante a corrida pra conseguir me destacar entre os três que estão correndo contra mim, e vencer”, descreveu o atleta de 17 anos nascido em Florianópolis.
Zion recebe o Bolsa Atleta na categoria Internacional, fato que remete à lembrança inspiradora da luta do irmão mais velho, Noah, também snowboarder e atual campeão sul-americano, que treinava forte para alcançar e conquistar o benefício. Zion é o atual vice-campeão e 26º do mundo na categoria Júnior de snowboard cross e, para Gangwon, cumpriu uma pré-temporada forte de treinos em países como Espanha e Áustria, chegando à Coreia do Sul aspirando ao melhor.
“Minha expectativa é sem dúvidas vencer. Eu vou voltar com o ouro para o Brasil, o primeiro do ‘border cross’ e tá tudo ótimo. Tive um pequeno acidente quando machuquei minha mão, mas não foi nada”, afirmou Zion.
A expectativa de uma boa apresentação do snowboard também foi destacada pelo presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), Pedro Cavazonni.
“A edição de 2024 dos Jogos Olímpicos da Juventude já é histórica para o Brasil. Do lado da CBDN, temos oito atletas, em quatro esportes diferentes, formando uma delegação recorde, largando no maior número de provas para o Brasil, ainda com o retorno da classificação no esqui alpino com os irmãos Arthur e Alice Padilha, assim como a presença do Brasil no snowboard cross, e com potencial de resultado Top 10”, destacou Pedro.
Para ele, o crescimento em tamanho e qualidade do Time Brasil do Inverno deve-se muito ao alinhamento estratégico e a um trabalho conjunto envolvendo o planejamento de longo prazo em parceria com o COB, a dedicação dos atletas, o suporte das federações internacionais, além de patrocínio e programas do governo.
“O Bolsa Atleta é uma das políticas esportivas mais fundamentais do Brasil, dando suporte aos atletas desde as categorias de base até o pódio. Temos certeza de que o programa tem grande influência na melhoria de resultados do Brasil no cenário internacional”, explicou Pedro.
Abertura nesta sexta
A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude será realizada nesta sexta-feira (19/1), e as competições seguem até o dia 1º de fevereiro. Já é considerada a maior edição, com cerca de 1,9 mil jovens atletas de até 18 anos, disputando 81 eventos, em sete esportes e 15 disciplinas. São os jogos da igualdade e da paridade de gênero, com o mesmo número de atletas mulheres e homens.
Confira o Time Brasil dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude – Gangwon 2024
Bobsled – Luiz Felipe Seixas e André Luiz dos Santos
Curling – Pedro Ribeiro, Guilherme Melo (dupla mista), Julia Gentile (dupla mista) e Rafaela Ladeira.
Esqui Alpino – Alice Padilha e Arthur Padilha
Esqui Cross Country – Ian Francisco da Silva, Júlia Reis, Gabriel Santos e Mariana Silva
Snowboard – João Teixeira (halfpipe) e Zion Bethônico (cross)
Patinação Velocidade Pista Curta – Lucas Koo
Skeleton – Cauê Miota e Eduardo Strapasson
Biatlo – Mariana Silva
Por: Ministério do Esporte