Analista: interesse petrolífero de Londres nas Malvinas causa ‘danos irreparáveis à Argentina’
O Reino Unido apelou a uma consulta pública nas Ilhas Malvinas para permitir a exploração petrolífera em um campo que poderá render 300 milhões de barris em 30 anos.
Em entrevista à Sputnik, o advogado argentino Facundo Rodríguez garantiu que o Reino Unido agrava a sua posição ao explorar recursos não renováveis reivindicados pela Argentina.
As autoridades britânicas das Ilhas Malvinas – cuja soberania é disputada entre o Reino Unido e a Argentina desde 1833 – iniciaram uma consulta pública de várias semanas para que os habitantes do arquipélago situado no Atlântico Sul se manifestassem sobre o projeto petrolífero Sea Lion, o que poderá alterar a estrutura econômica do território.
O Sea Lion é um campo petrolífero offshore localizado nas águas que rodeiam as ilhas e já está sendo perfurado pela empresa israelense Navitas.
Em diálogo com a Sputnik, o advogado argentino especialista em direito internacional Facundo Rodríguez explicou que a intenção britânica de explorar um campo petrolífero nas águas que rodeiam as ilhas “viola a disposição 3149 das Nações Unidas, que exige que ambas as partes se abstenham de tomar medidas unilateralmente que geram modificações nas ilhas“.
Para o especialista, a intenção do Reino Unido de avançar na exploração petrolífera é ainda mais grave do que as licenças de pesca que as ilhas concedem regularmente nas águas circundantes e que, embora cruciais para a economia das ilhas, são consideradas ilegais para a Argentina.
“Já não estamos falando da pesca, que em última análise é um recurso renovável, estamos aqui tratando da exploração ou eliminação de recursos não renováveis, um recurso que é explorado e não volta a aparecer, por isso a questão se torna ainda mais delicada”, sublinha Rodríguez.
Para o especialista, a atividade de exploração petrolífera em águas que a Argentina reivindica como suas gerará “danos irreparáveis à Argentina e aos 45 milhões de argentinos”, porque é um recurso que o país sul-americano não conseguirá recuperar.
Além disso, e para além dos estudos de impacto ambiental apresentados às autoridades britânicas das ilhas, Rodríguez considerou que as empresas responsáveis pelo projeto “não são de primeiro nível internacional, mas sim de segundo ou terceiro nível”, o que, por sua vez, poderá aumentar o risco de desastres ambientais.
Fonte: Site Sputnik / Foto Sputnik