Hospital Psiquiátrico São Pedro celebra 140 anos de assistência humanizada

Por Redação / Gazeta Gaúcha

Portal / GZ1.com.br

O Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP) celebrou seu aniversário de 140 anos na manhã desta quinta-feira (18/7), em Porto Alegre, reafirmando a importância da humanização do cuidado em saúde mental. Durante a solenidade, que contou com as presenças do governador Eduardo Leite e da secretária da Saúde, Arita Bergmann, foram homenageados diversos profissionais que marcaram a história da instituição.

O HPSP acompanhou as transformações no atendimento em saúde mental no Brasil, passou pelo processo de desinstitucionalização de pacientes e segue como referência na área da saúde mental. A desinstitucionalização foi concluída em 2023, de modo que não há mais pessoas residindo no local.

“A luta das pessoas que dedicam suas vidas à área da saúde mental é muito justa e meritória, porque olha para a diversidade do ser humano, para a sua complexidade e se propõe a ajudar as pessoas que precisam especialmente de atenção, para que sua vida possa ser mais digna, com mais carinho e acolhimento e menos preconceito”, afirmou Leite. Ele estava usando uma faixa confeccionada na Oficina da Criatividade, um dos projetos desenvolvidos no HPSP.

Arita relembrou as mudanças implementadas no hospital, o que garantiu a muitos pacientes o direito de viver em liberdade e de experimentar novas vivências em sociedade. “Sabemos da importância concreta do cuidado. O São Pedro está completando 140 anos de história, legado, construções, práticas e formação. Esses 140 anos são um símbolo da desinstitucionalização. Durante a nossa gestão, sem considerar a Colônia Itapuã, 53 pessoas deixaram de ser internas e hoje estão vivendo em suas comunidades, com os cuidados devidos e podendo aproveitar a vida com alegria e felicidade”, ressaltou.

Arita chamou três ex-internas ao palco, a fim de compartilharem um pouco sobre as melhorias que experimentaram nos últimos anos. Após terem residido no local, as mulheres têm, atualmente, uma vida autônoma, exercem sua cidadania e dedicam-se a atividades artísticas na Oficina de Criatividade ou a trabalhos voluntários. Uma delas, Heloísa Baracy, saiu do HPSP há 20 anos e hoje tem a sua própria casa e trabalha como voluntária no Fundo Estadual da Saúde.

Leite e Arita em close conversando com uma ex-interna do Hospital Psiquiátrico São Pedro.
Ex-internas compartilharam as melhorias que têm experimentado nos últimos anos – Fotos: Maurício Tonetto/Secom

Atualmente, o HPSP oferece atendimento ambulatorial, de internação – somente para casos agudos – e de ensino e pesquisa, integrando a Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS).

Reconhecimentos e homenagens

Durante a cerimônia, foram homenageados médicos, terapeutas ocupacionais e educadores físicos, além de colaboradores que atuam há décadas no local, como a atendente administrativa Leidizar da Silveira e o motorista Reni dos Santos, que trabalham na instituição, há 51 anos e 46 anos, respectivamente.

Foi realizada, ainda, a entrega do certificado Amigo do Hospital São Pedro a Leite e e Arita. Além deles, outras autoridades também foram contempladas: a secretária-adjunta da Saúde, Ana Costa; o coronel do Corpo de Bombeiros Militar, Ricardo Mattei; a diretora do Jardim Botânico e chefe da Divisão de Pesquisa da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, Patricia Witt, e a presidente da Associação dos amigos da memória do Hospital Psiquiátrico São Pedro, Bárbara Neubarth.

Houve, ainda, a apresentação de um vídeo institucional e o anúncio da frase escolhida por uma comissão julgadora para marcar o aniversário do hospital: 140 anos de história ressignificando vidas e saúde mental. A autoria dela é de Claudia Araújo.

História do hospital

Vinculado à Secretaria da Saúde, o HPSP foi a primeira instituição psiquiátrica de Porto Alegre. Inaugurado em 29 de junho de 1984, no início foi chamado de hospício e chegou a abrigar cerca de cinco mil moradores. O local é formado por seis prédios históricos tombados como patrimônio histórico-cultural e paisagístico do Estado e do município.

A longo do tempo, o hospital foi se adequando às mudanças sociais e evidências científicas e seguiu os rumos da saúde pública no Brasil. Sua maior transformação ocorreu a partir da Lei da Reforma Psiquiátrica promulgada em 2001, quando começou o processo de desinstitucionalização dos antigos moradores, que foram progressivamente deixando o hospital e passando a viver nos Serviços Residenciais Terapêuticos.