R$1,39 Bi para indústria farmacêutica anunciada pelo BNDES para desenvolver medicamentos inovadores e acessíveis
Redação: Gazeta Gaúcha / Gazeta Nortense
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De janeiro a meados de julho deste ano, Banco aprovou mais de R$ 2 bi para o segmento de fármacos, 33% a mais que o total de 2023.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou nesta quarta-feira, 14, em evento sobre investimentos no Complexo Econômico da Saúde, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília, a aprovação de R$ 1,39 bilhão em três operações de financiamento a planos de pesquisa, desenvolvimento e inovação da indústria farmacêutica nacional. Foram aprovados R$ 500 milhões do programa BNDES Mais Inovação para a EMS, R$ 390 milhões para a Aché e outros R$ 500 milhões para a Eurofarma. A ministra Nísia Trindade (Saúde) e o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (MDIC), também participaram do evento.
Em sua fala, Mercadante destacou que o complexo da saúde representa em torno de 9,7% do PIB. “É um setor fundamental que gera muita inovação tecnológica, além de ter um papel decisivo na sobrevida, na qualidade de vida da população. O que estamos fazendo hoje aqui não é mais só produzir genéricos, mas é começar a desenvolver novas rotas tecnológicas, novos produtos. Nós vamos registrar produtos aqui nos Estados Unidos, na União Europeia, nos mercados mais sofisticados, e estamos financiando projetos de inovação de ponta da indústria de saúde, que é um orgulho do país e vai cada vez ser mais importante”, afirmou.
Segundo ele, graças ao apoio do Banco, a indústria nacional ofertará medicamentos inéditos, com redução de, no mínimo, 35% no preço ao consumidor. “Sem negacionismo na ciência, o governo do presidente Lula estimula a pesquisa e o desenvolvimento, contribuindo também para fortalecer a indústria nacional e reduzir o histórico déficit da balança comercial nesse setor”, ressaltou.
EMS – O laboratório EMS investirá os recursos na produção de oito medicamentos genéricos para diabetes e câncer, e em 17 inovações em anti-inflamatórios, antialérgicos, analgésicos e outros fármacos para ansiedade, insônia e náusea. Os investimentos fazem parte do plano de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação da empresa, projeto alinhado com os desafios listados pelo Ministério da Saúde.
Dos oito medicamentos genéricos a serem fabricados, cinco visam ao controle de diabetes e três destinam-se ao tratamento da leucemia mieloide crônica, câncer de próstata e carcinoma de células renais. Seis desses produtos são inéditos no Brasil.
“Estamos trabalhando fortemente para levar cada vez mais produtos inovadores para as pessoas. Nesse sentido, o aporte do BNDES tem um importante significado para nós e corrobora com a nova era que vivemos: a da EMS dos estudos incrementais, das tecnologias inovadoras, disruptivas, inéditas e pioneiras, que continuarão promovendo bem-estar, qualidade de vida e ampliando o acesso à saúde”, diz o vice-presidente da EMS, Marcus Sanchez.
Aché – Os R$ 389,7 milhões aprovados para a Aché Laboratórios Farmacêuticos serão destinados ao plano de pesquisa, desenvolvimento e inovação de medicamentos da empresa, compreendendo mais de 70 projetos de produtos, alguns deles envolvendo novos princípios ativos, novas concentrações e formas farmacêuticas para oferecer conveniência aos pacientes e novas associações em dose fixa.
Os novos medicamentos trarão novas opções no tratamento das mais diversas enfermidades, tais como diabetes, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, cânceres de mama e de pulmão, mieloma, hipercolesterolemia, asma, rinite alérgica, dor, inflamações, distúrbios psiquiátricos e psoríase, além de alopecia (tipo de calvície), acne e obesidade.
O plano do Aché também contempla a instalação de um laboratório de P&D de fármacos de alta potência em Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo (SP). Os recursos correspondem à totalidade do valor a ser investido no projeto, que deverá ser concluído em 2026.
Uma área já construída de 170 m2 será utilizada para a implantação do laboratório, que terá um custo total de R$ 8,9 milhões – R$ 3,4 milhões para readequação e R$ 5,5 milhões em máquinas, equipamentos e utensílios. Com as novas instalações, o Aché ganhará agilidade no projeto de desenvolvimento, passando a desenvolver internamente processos que hoje dependem de parceria com outras empresas.
Após a conclusão do plano de P&D e Inovação da empresa, o quadro de funcionários envolvidos com atividades de pesquisa e desenvolvimento deverá ser ampliado de 375 para 436.
Empresa 100% nacional, o Aché é uma das poucas indústrias farmacêuticas que têm projetos envolvendo a descoberta e desenvolvimento de novos princípios ativos. Neste projeto, mais de uma dezena de produtos apoiados contam com princípios ativos inovadores, enquanto outros apresentam inovações no produto final ou na tecnologia farmacêutica empregada.
Obedecendo aos princípios de sustentabilidade socioambiental e de governança corporativa, a empresa também investe na descoberta e desenvolvimento de medicamentos a partir de fontes naturais, especialmente da biodiversidade brasileira. A empresa também cria e sintetiza moléculas inovadoras para desenvolver novos fármacos, além de empreender pesquisas em nanotecnologia e aplicar novas tecnologias, incubadas internamente ou obtidas por licenciamento.
Eurofarma – A Eurofarma Laboratórios S.A também investirá os R$ 500 milhões aprovados pelo BNDES no seu plano de pesquisa, desenvolvimento e inovação por meio do Eurolab, centro de pesquisa da empresa em Itapevi (SP). A empresa deve desenvolver cerca de duas centenas de projetos focados em inovação radical, incremental e, também, na chegada de novos genéricos e biossimilares no mercado brasileiro.
O plano de P&D da Eurofarma contempla o desenvolvimento de 60 projetos exclusivos, a entre melhorias incrementais e medicamentos novos. Detentora do maior centro de pesquisa instalado na América Latina, a empresa conta com mais de 750 pesquisadores e uma plataforma comercial que abrange toda a América Latina, mantendo operação própria em mais de 22 países. O objetivo da companhia ao impulsionar os projetos de inovação é se manter na liderança em produtos novos e medicamento vendidos sob prescrição no país.
Com o desenvolvimento de novos medicamentos, a Eurofarma contribuirá com a ampliação da oferta de medicamentos no mercado privado e que atendam demandas do SUS. A empresa atua em todos os principais segmentos farmacêuticos e tem disponibilizado no mercado nacional mais de 20 produtos novos ao ano. Fortemente presente em sistema nervoso central, antibióticos e produtos para a saúde da mulher, a empresa pretende ampliar seu portfólio em tratamentos para dor, diabetes, sistema circulatório e cardiovascular, entre outros.
Segundo o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon, os três projetos estão alinhados com a nova política industrial. “A Nova Indústria Brasil tem como um dos objetivos fortalecer o Complexo Econômico-Industrial de Saúde, a partir de investimentos que permitam o desenvolvimento de novos medicamentos que tenham potencial de reduzir a vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde”, afirma.
Apoio ao setor – Desde janeiro de 2023 até o mês passado, as aprovações de crédito do BNDES para o complexo industrial da saúde somaram R$ 4,5 bilhões, valor recorde da série histórica, iniciada em 1995. De janeiro a julho deste ano, as aprovações para o setor inteiro somaram R$ 2,28 bilhões, montante que excede em 34% o total apurado em 2023.
Somente no segmento da indústria farmacêutica, o total aprovado nos primeiros sete meses de 2023 já alcançou R$ 2,1 bilhões, valor 33% superior ao registrado em todo o ano de 2023 (R$ 1,51 bilhão).
Com o apoio do Banco, as indústrias estão desenvolvendo novos medicamentos, novas associações farmacêuticas (que facilitam a absorção e a administração), vacinas, montagem de centros de pesquisa e desenvolvimento e adquirindo máquinas e equipamentos.
Mais investimentos – O BNDES espera adicionar mais R$ 1,5 bilhão em novas operações do Complexo da Saúde, alcançando R$ 5,5 bilhões em dois anos. O Banco também vai estruturar o Fundo de Investimento em Biotecnologia para startups de saúde, com ênfase em empresas com soluções baseadas ciência e tecnologias de alta complexidade, como a biotecnologia. O Fundo deve ter valor de R$ 250 milhões, com participação do BNDES, da Finep e de investidores privados.