Zelensky diz ‘não entender’ por que Brasil e China ‘pensam primeiro’ na Rússia; Itamaraty rebate

Vladimir Zelensky disse em entrevista à Folha de S.Paulo que não consegue compreender a posição do governo brasileiro e chinês em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia.
A entrevista aconteceu em um encontro para jornalistas da América Latina na capital ucraniana, Kiev. A mídia foi convidada pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.

“Não entendo, não entendo. Diga: por acaso, o presidente Lula, por acaso não quer ter essa aliança? Por acaso o Brasil está mais alinhado com a Rússia do que com a Ucrânia? […]”, indagou.

O encontro com os profissionais de imprensa aconteceu às vésperas da cúpula de paz para Ucrânia organizada pela Suíça  nos dias 15 e 16 de junho.

O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, durante conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, após assinar um acordo de segurança bilateral em Bruxelas, em 28 de maio de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 28.05.2024

Panorama internacional
Zelensky questiona EUA e diz ‘ Putin aplaudirá de pé ‘ ausência de Biden na cúpula da Suíça.
Segundo Zelensky, entre os cerca de 80 líderes que já tinham confirmado presença, da América Latina, estariam os presidentes argentino, Javier Milei, e chileno, Gabriel Boric.

“[…] por que o Brasil e a China pensam primeiro nos russos e depois em nós? Como podem dar vantagem aos países que atentam contra outros e priorizar essa aliança […]?”, questionou Zelensky.

O ucraniano afirmou que sabe que as nações têm suas próprias visões e disse estar disposto a ouvi-las: “Antes, temos que conciliar a opinião de todos os que vêm. Mas não com a Rússia.”
No entanto, é justamente a falta de convite a Moscou ou o não desejo de sua presença no evento, mesmo que o conflito envolva dois atores, que parece incomodar Brasília e Pequim.
Em um documento de seis pontos assinado conjuntamente entre as chancelarias dos dois países, divulgado na semana passada, um dos pontos consiste justamente na elaboração de uma cúpula de paz que seja realizada “[…] em um momento adequado que seja reconhecida tanto pela Rússia como pela Ucrânia, com participação igual de todas as partes […]”.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, à direita, aperta a mão do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante uma reunião à margem da 11ª Cúpula do BRICS em Brasília, Brasil - Sputnik Brasil, 1920, 17.05.2024

Panorama internacional
O jornal brasileiro destaca que, nos eventos de que a reportagem participou, a impressão era de que o Brasil era a “menina dos olhos” dos ucranianos.
Em entrevistas coletivas, diz a mídia, as respostas das autoridades às perguntas de veículos brasileiros eram consideravelmente mais extensas do que aquelas aos demais profissionais do grupo, que contava com Argentina, Chile, Colômbia, El Salvador e Peru.

Itamaraty responde

Nesta sexta-feira (31), após a publicação da reportagem da Folha, o jornal O Globo entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil para saber seu posicionamento sobre as declarações de Zelensky.
Segundo a mídia, o Itamaraty negou que o governo brasileiro tenha tomado partido  entre Moscou e Kiev, acrescentando que “não há e jamais  houve engajamento” de Brasília no conflito.
A chancelaria brasileira destacou que o Brasil defende que as negociações de paz envolvam as duas partes.
Fonte/ Site/ Sputnik / Foto: Internet