Estado reafirma compromisso com Pacto Federativo para a Erradicação do Trabalho Escravo

Com o objetivo de reafirmar o compromisso em aplicar as atualizações do Pacto Federativo para a Erradicação do Trabalho Escravo, o governador Eduardo Leite assinou, nesta terça-feira (16/1), documento que renova a adesão do Rio Grande do Sul ao compromisso nacional. O ato, que reuniu no Palácio Piratini representantes dos poderes executivos estadual e federal e do Ministério Público do Trabalho (MPT-RS), dá andamento ao planejamento de medidas integradas para promoção e aperfeiçoamento das políticas públicas direcionadas ao tema.

O pacto formaliza uma série de compromissos que garantirá pleno funcionamento à comissão responsável pelo combate ao trabalho escravo. No caso, a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae/RS), cuja missão é elaborar planos, metas e ações preventivas. O acordo firma também a cooperação com o Fluxo Nacional para Atendimento às Vítimas de Trabalho Escravo, novo instrumento criado a partir da revisão do pacto pela União.

Leite lembrou que o RS criou, ainda no ano passado, um fluxo estadual intersetorial de atendimento às vítimas, e enfatizou a adesão do Estado ao pacto nacional como um elo de responsabilidade compartilhada no combate a práticas que afrontem os direitos humanos.

“Essa renovação não é mero instrumento legal, é uma promessa que fazemos de ampliar nossos esforços na luta por respeito e condições dignas de trabalho para todos”, afirmou o governador. “Assumimos o compromisso de valorizar a ação dos nossos comitês, com planos e metas robustas para implantação de políticas preventivas, capazes de combater as raízes de exploração e preconceito que fazem do trabalho em condições degradantes uma chaga que, infelizmente, ainda persiste.”

O Rio Grande do Sul participa do pacto desde 2017. A renovação reafirma o acolhimento, pelo Estado, das novas medidas anexadas pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, em 2021, por meio da portaria nº 1.620. Além da cooperação com novo fluxo nacional de atendimento à vítimas em casos análogos à escravidão, outra mudança importante apresentada pelo novo pacto é a possibilidade de participação dos municípios, que agora poderão se juntar aos Estados no cumprimento das normas do documento.

Foto em ambiente fechado, com um fundo de telão colorido com os dizeres "Pacto Federativo pela Erradicação do Trabalho Escravo". Leite aparece à direita, em pé, falando ao microfone que segura na mão.
“Essa renovação não é mero instrumento legal, é uma promessa que fazemos de ampliar nossos esforços”, disse o governador – Foto: Maurício Tonetto/Secom

“As ações no Estado buscam resgatar pessoas de condições desumanas, garantir o direito ao trabalho digno e punir os responsáveis. O trabalho escravo é crime e assim será sempre tratado pelo governo estadual”, afirmou o secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Fabricio Peruchin.

A procuradora-chefe do MPT-RS, Denise Schellenberger Fernandes, reforçou a disposição do órgão de realizar ações conjuntas com o Executivo estadual contra esse tipo de exploração. “Trata-se de um compromisso inadiável. O trabalho análogo à escravidão impede o avanço do patamar civilizatório de nossa sociedade. Iniciativas como a de hoje marcam a disposição das instituições na atenção ao problema”, destacou.

O diretor de Defesa dos Direitos Humanos da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Felipe Biasoli, frisou a importância da adesão do Estado. “A assinatura é uma forma de contarmos com a cooperação de todos os entes federativos. Atualmente, 26 unidades da federação ou assinaram ou estão no processo de assinatura do pacto, além dos municípios de Niterói e Maringá. É uma missão constitucional do Estado brasileiro garantir o trabalho digno e a condição de humanidade de todos os cidadãos e cidadãs”, ressaltou. A secretaria da qual Biasoli faz parte integra o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

O Rio Grande do Sul se soma a outros quatro estados que já aderiram ao pacto em seu novo modelo. O documento foi assinado por Pernambuco, Pará, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, além dos municípios de Niterói e Maringá.

Compromissos do pacto

  • Institucionalizar comissões estaduais e municipais para erradicação do trabalho escravo;
  • elaborar planos estaduais e municipais para erradicação do trabalho escravo, com metas, indicadores, ações de prevenção e repressão ao trabalho escravo, além de reinserção das vítimas;
  • cooperar com o Fluxo Nacional para Atendimento às Vítimas de Trabalho Escravo;
  • apoiar o desenvolvimento de softwares e programas para manutenção de dados e gerenciamento administrativo de comissões estaduais e municipais.

Fluxo estadual intersetorial

O governo do Estado atua de forma organizada para atender a possíveis casos de trabalho análogo a escravidão. Com esse objetivo, criou um fluxo estadual intersetorial (oficializado em setembro do ano passado) envolvendo diversas secretarias.

A meta é atuar no resgate e no pós-resgate de vítimas de trabalho análogo à escravidão, nos termos do Decreto 57.205/2023. Desde então, foram realizadas capacitações para as pastas envolvidas, em especial junto à Rede de Vigilância em Saúde do Trabalhador, por meio da Secretaria da Saúde (SES).

Os casos de trabalho análogo à escravidão são tratados de forma coordenada e conjunta pelas secretarias designadas. Elas estão articuladas com a Coetrae/RS a fim de oferecer um atendimento rápido e eficaz às vítimas.

Em 2023, os órgãos do Estado atuaram em ações de resgate de cerca de 350 pessoas. Participam dessa articulação:

  • Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos;
  • Secretaria da Saúde;
  • Secretaria da Segurança Pública;
  • Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Profissional;
  • Secretaria de Assistência Social;
  • Secretaria de Desenvolvimento Rural;
  • Secretaria de Inclusão Digital e Apoio às Políticas de Equidade.

Comissão direcionada

A Coetrae/RS, criada pelo Decreto Estadual 49.123/2012, acompanha as ações do Plano Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e a tramitação de projetos de lei relacionados ao combate e à erradicação do trabalho análogo à escravidão. Além disso, avalia e contribui com as ações, os programas, os projetos e os planos relacionados à prevenção e ao enfrentamento da exploração do trabalho em condições degradantes no RS.

Com a atualização do pacto, a Coetrae passa a exercer papel importante na articulação entre órgãos federais, estaduais e municipais dentro do fluxo nacional.

Texto: Ascom SJCDH e Secom
Edição: Felipe Borges/Secom